fonte: O Dia

Depois que diversos prefeitos sinalizaram a intenção de devolver suas UPAs para gestão do estado, o secretário de Saúde, Felipe Peixoto, deixou claro que o governo não tem planos para assumir a responsabilidade de unidades municipais. O movimento começou recentemente em cidades como São João de Meriti, Belford Roxo, Cabo Frio e Nova Friburgo, que alegam queda na arrecadação e no repasse de verbas.

O secretário reagiu, nesta entrevista ao DIA, às ameaças de interrupção de prestadores de serviço da rede que estão com pagamentos atrasados por causa do aperto financeiro. “Não vamos permitir qualquer ameaça de paralisação. Temos sido muito firmes para substituir as empresas que podem fazer isso. A saúde é um serviço essencial”, afirmou Peixoto.

ODIA: Alguns municípios já manifestaram vontade de entregar suas Unidades de Pronto Atendimento para o governo estadual. O estado tem condições de manter essas UPAs?

FELIPE PEIXOTO: – O único município que oficializou pedido de devolução da UPA foi Nova Friburgo, alegando que atende muitas cidades do entorno. Estamos solicitando a relação dos atendimentos realizados, para que, de fato, tenha uma comprovação de que a unidade faz atendimento regionalizado. A gente entende que a gestão das UPAs cabe aos municípios. Compreendo o período de dificuldades que os prefeitos estão vivendo, mas o estado não pretende receber nenhuma UPA.

A única UPA de São João de Meriti está fechada há um ano. O prefeito alega atraso no repasse de verbas e também quer devolver a unidade. O estado pretende oferecer ajuda para reabri-la?

Não temos qualquer dívida de pagamento dessa UPA. Pelo contrário, quando percebemos a dificuldade de funcionamento da unidade, comunicamos à prefeitura que só faríamos os repasses mediante a comprovação de atendimentos realizados. Como o município suspendeu o funcionamento, automaticamente deixou de receber esses valores. Estamos à disposição do prefeito para dar o suporte necessário de treinamento de equipe para reabrir a UPA, mas o estado não vai assumi-la.

De janeiro a outubro deste ano, 19 mortes por dengue foram registradas no estado, nove a mais do que no ano passado todo. Já os casos suspeitos aumentaram em 700%. Que medidas serão tomadas ?

A série histórica mostra que os números no Rio vêm melhorando a cada ano. O que aconteceu desta vez foi que, na região do Médio Paraíba, o vírus tipo 1 circulou tarde. Adquirimos 170 veículos que serão oferecidos aos municípios até o final do ano para reforçar a frota das equipes de combate ao mosquito. Todas as equipes de vigilância serão treinadas e haverá campanhas educativas.

As regiões mais afetadas, como o Médio Paraíba e Sul Fluminense, correm risco de epidemia ?

Precisamos esperar os números que vão surgir. Estamos nos preparando para evitar que a epidemia aconteça.

Dívidas com fornecedores têm causado atrasos de salários e falhas no atendimento. Quando a situação será regularizada?

Todas as contas a pagar do ano passado, que somavam R$ 700 milhões, serão quitadas até dezembro, incluindo dívidas com os municípios. A dívida deste ano é muito dinâmica, diminui e cresce a cada mês.

Como evitar paralisações em período de crise?

Não vamos permitir qualquer ameaça de paralisação. Temos sido muito firmes para substituir as empresas que podem fazer isso. A saúde é um serviço essencial, por isso não vamos tolerar chantagem. A gente está tratando de vidas. Sei das dificuldades das empresas e das pessoas, mas pedimos compreensão para superarmos essa fase.